Eis os famosos diagramas de Paul Baran, publicados no texto BARAN, Paul (1964): On distributed communications:
Ainda que os diagramas de Baran tenham propósitos puramente demonstrativos - pois o que ele queria era mostrar a diferença de topologias ou padrões de conexão (e tanto é assim que, no Diagrama C, correspondente ao padrão de rede distribuída, só aparecem algumas conexões entre os nodos) - vale a pena, também para efeitos demonstrativos (não-analíticos), explorar um pouco o diagrama B para ressaltar seu caráter hierárquico.
Não estou conseguindo redesenhar agora o exemplo de rede descentralizada como um organograma (um mapa organizacional, para facilitar a visualização). Quem puder me ajudar, por favor, reconstrua a imagem, mantendo rigorosamente o mesmo número de nodos (47), de conexões (47) e a topologia específica de acordo com as observações abaixo (e faça depois um upload da imagem no campo dos comentários abaixo).
No Diagrama B vemos o seguinte:
47 nodos e 47 conexões assim distribuídas (ou melhor, descentralizadas ou multicentralizadas em 7 centros):
1 nodo com 13 conexões;
1 nodo com 10 conexões;
1 nodo com 8 conexões;
1 nodo com 7 conexões;
1 nodo com 6 conexões;
2 nodos com 5 conexões (cada).
Além desses centros, temos mais 40 nodos com apenas 1 conexão.
Aplicando o Índice de Distribuição de Rede que propus no texto FRANCO, Augusto (2009): O poder nas redes sociais, veremos que o Diagrama B de Paul Baran tem apenas 0,1% de distribuição. Ou seja, é uma rede fortemente centralizada, vale dizer, hierarquizada.
Como se explica isso? Parece simples. É porque, das 1.081 conexões possíveis, o Diagrama B de Baran só realiza 47, quer dizer, 4%. E porque 85% dos seus nodos têm apenas 1 conexão cada um.
O Diagrama B de Baran representa uma imagem caricatural das organizações realmente existentes. Dificilmente, em uma organização hierarquica real, teremos um Índice de Distribuição tão baixo, de vez que os 33 nodos ligados aos 7 centros, naturalmente também se conectam entre si todos-com-todos (pelo menos em cada cluster), o que acrescentaria mais 114 conexões ao conjunto (mudando, obviamente, o valor do Índice de Distribuição da rede exemplificada - no caso, quadruplicando-o). Ou seja, uma rede descentralizada real seria, no mínimo, 4 vezes mais distribuída do que a exemplificada no Diagrama B de Paul Baran. E isso sem contar que os 7 nodos ligados diretamente ao nodo mais conectado também, muito provavelmente, teriam conexões entre si, acrescentando ainda mais 21 conexões et coetera.
Há um problema, como já assinalei em outra ocasião, com os diagramas de Baran. Na verdade, quase todas as redes realmente existentes (com exclusão dos pequenos grupos) são descentralizadas (multicentralizadas). É muito improvável encontrar redes totalmente centralizadas (Diagrama A) ou totalmente distribuídas (que não estão representadas pelo Diagrama C, porém por motivos de clareza de visualização: as linhas atrapalhariam a visão dos nodos). A questão é saber o grau de distribuição. Por isso convencionei chamar de distribuídas as redes em que o Índice de Distribuição é maior do que 50% (considerando 100% o Índice de Distribuição correspondente ao número máximo de conexões, matematicamente calculável a partir do número de nodos (N) pela equação trivial: Cmax = (N-1).N/2).
P.S.: Este post continua quando conseguirmos redesenhar o Diagrama B de Baran como um organograma de uma organização.
Conseguimos em 23 de maio de 2013, com a contribuição de Luiz de Campos Jr e Luti Menezes (abaixo):
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Augusto, como você falou no seu comentário no Facebook, o mais comum no mundo (digamos assim) é o diagrama B. Talvez o desafio seja transformar os nódulos I, II, III, IV, n... de diagrama A em diagramas C. Desobstruir os fluxos dos nodos menores para que este comportamento possa se espalhar pelas redes, clusters e cia.
Conseguimos redesenhar quase 4 anos depois, com a ajuda do Luiz de Campos Jr e do Luti Menezes. Mas eles ainda vão corrigir alguns errinhos: tanto no nódulo VI quanto no VII falta uma conexão, em cada. De qualquer modo, já cumpre a função de mostrar que o Diagrama B (Rede Descentralizada) é uma hierarquia (por isso o desenho da direita está no formato de organograma). Os nodos e as conexões são rigorosamente os mesmos do diagrama do Baran (depois de corrigidos).
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